sexta-feira, 17 de agosto de 2012

MARATONA AQUÁTICA DE LONDRES E AS NOSSAS TRAVESSIAS


Desde quando fazíamos natação em mar aberto em Itapagipe, e isto já faz um longo tempo, preocupávamos  com a visibilidade da prova, isto é, queríamos que o público visse de perto os seus nadadores preferidos.
Por essa razão, a maioria de nossas provas era realizada no contorno da península de Itapagipe. Às vezes só ida, outras ida e volta. Os nadadores saiam da Ponte da Crush em direção à Penha; contornavam o Araújo Pinho (estaleiro) na ponta da Penha e se dirigiam ao ponto de chegada, geralmente no Hidroporto da Ribeira.  O público acompanhava o desenrolar da prova caminhando pelo cais que contorna todo esse espaço.
Quando não era desse jeito, fazíamos a partida no Hidroporto e a chegada nas imediações da chama Ponte da Crush, em frente à casa do senhor Chico, que patrocinava as medalhas. Senhor Chico era pai de Caetano, Dentinho de Ouro e Zé Tampinha. Nenhum dos três nadava. Achamos que era por isto que ele fornecia as medalhas.
Posteriormente, quando se instituiu a Travessia Mar Grande Salvador, o patrocinador da prova (Jornal A Tarde), achou que a Volta da Península apresentava um inconveniente para a realização de uma eliminatória que se fazia (só classificavam os 20 primeiros colocados); poderia haver uma falcatrua por parte de algum nadador (uma corrida pela praia, por exemplo) .
Ai se resolveu fazer a prova saindo em frente a Periperi e chegada no boião da Penha. Foi quando começou o acompanhamento de cada nadador com barco e guia. Eram usados os mais diversos tipos de embarcações, a maioria, contudo, era de catraias. Tinham muitas em Itapagipe.
Mas também tinha caiaque, não os de hoje feitos de fibra de vidro, mas aqueles com uma estrutura de madeira e cobertura de lona pintada.
Poder-se-á pensar que a coisa era muito rudimentar. Não era! Como grande parte dos nadadores pertenciam a clubes de remo, São Salvador, Vitória e Itapagipe, os nadadores desses clubes eram acompanhados por schiff, yoles e out-riggers , o que dava um charme à prova. Os remadores sempre ostentavam as camisas de seus clubes.
Mas com todo esse cuidado, enquanto nas provas em torno da península nunca houve uma irregularidade porque a fiscalização era acompanhada do cais pelos juízes de percurso, palmo à palmo, numa das eliminatórias Periperi-Penha, determinado nadador especialista em nado de peito (sabidamente o nado mais lento), conseguiu burlar a vigilância e logo após a largada, se dirigiu para a terra como se estivesse abandonando a prova; pegou um trem em Itacaranha e saltou em Plataforma, Daí voltou a cair nágua e se dirigiu fagueiro até o funil de chegada no boião em frente à Penha. Os juízes estranharam a rapidez daquela falsa vitória. Os demais nadadores ainda vinham a mais de 500 metros de distância. Pressionado, o nadador confessou, dizendo ter preparado uma “brincadeira”. Efetivamente, ele sempre foi um gozador. Aquela foi mais uma dele (preservamos seu nome) .
 
O assunto vem muito a propósito, quando acabamos de assistir às provas da Maratona Aquática de Londres pela televisão. Foi realizada no Lago Serpentine em Hyde Park – centro de Londres.
Queremos destacar a proximidade do público com a prova (poucos metros), diferentemente da maioria das provas de mar aberto, inclusive no Brasil e especialmente na Bahia que mantêm a liderança desses eventos no País. (Aí Sérgio Sampaio).
Quem estava no Hyde Park pôde assistir a evolução de cada nadador e deve ter sido muito emocionante. Faltou uma coisa: uma melhor identificação de cada atleta pela touca. Deveria cada nadador, ostentar em bom tamanho, a bandeira de seu país nesta touca. A parte do corpo sempre à vista. A simples numeração de braços e costas não é suficiente.




Pela televisão, então, é um borrão não identificável!

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