Desde quando fazíamos natação em mar aberto em Itapagipe, e
isto já faz um longo tempo, preocupávamos
com a visibilidade da prova, isto é, queríamos que o público visse de
perto os seus nadadores preferidos.
Por essa razão, a maioria de nossas provas era realizada no
contorno da península de Itapagipe. Às vezes só ida, outras ida e volta. Os
nadadores saiam da Ponte da Crush em direção à Penha; contornavam o Araújo
Pinho (estaleiro) na ponta da Penha e se dirigiam ao ponto de chegada,
geralmente no Hidroporto da Ribeira. O
público acompanhava o desenrolar da prova caminhando pelo cais que contorna
todo esse espaço.
Quando não era desse jeito, fazíamos a partida no Hidroporto
e a chegada nas imediações da chama Ponte da Crush, em frente à casa do senhor
Chico, que patrocinava as medalhas. Senhor Chico era pai de Caetano, Dentinho
de Ouro e Zé Tampinha. Nenhum dos três nadava. Achamos que era por isto que ele
fornecia as medalhas.
Posteriormente, quando se instituiu a Travessia Mar Grande
Salvador, o patrocinador da prova (Jornal A Tarde), achou que a Volta da
Península apresentava um inconveniente para a realização de uma eliminatória
que se fazia (só classificavam os 20 primeiros colocados); poderia haver uma
falcatrua por parte de algum nadador (uma corrida pela praia, por exemplo) .
Ai se resolveu fazer a prova saindo em frente a Periperi e
chegada no boião da Penha. Foi quando começou o acompanhamento de cada nadador
com barco e guia. Eram usados os mais diversos tipos de embarcações, a maioria,
contudo, era de catraias. Tinham muitas em Itapagipe.
Mas também tinha caiaque, não os de hoje feitos de fibra de
vidro, mas aqueles com uma estrutura de madeira e cobertura de lona pintada.
Poder-se-á pensar que a coisa era muito rudimentar. Não era!
Como grande parte dos nadadores pertenciam a clubes de remo, São Salvador,
Vitória e Itapagipe, os nadadores desses clubes eram acompanhados por schiff,
yoles e out-riggers , o que dava um charme à prova. Os remadores sempre
ostentavam as camisas de seus clubes.
Mas com todo esse cuidado, enquanto nas provas em torno da península
nunca houve uma irregularidade porque a fiscalização era acompanhada do cais
pelos juízes de percurso, palmo à palmo, numa das eliminatórias Periperi-Penha,
determinado nadador especialista em nado de peito (sabidamente o nado mais
lento), conseguiu burlar a vigilância e logo após a largada, se dirigiu para a
terra como se estivesse abandonando a prova; pegou um trem em Itacaranha e
saltou em Plataforma, Daí voltou a cair nágua e se dirigiu fagueiro até o funil
de chegada no boião em frente à Penha. Os juízes estranharam a rapidez daquela
falsa vitória. Os demais nadadores ainda vinham a mais de 500 metros de
distância. Pressionado, o nadador confessou, dizendo ter preparado uma “brincadeira”.
Efetivamente, ele sempre foi um gozador. Aquela foi mais uma dele (preservamos
seu nome) .
O assunto vem muito a propósito, quando acabamos de assistir às
provas da Maratona Aquática de Londres pela televisão. Foi realizada no Lago
Serpentine em Hyde Park – centro de Londres.
Queremos destacar a proximidade do público com a prova (poucos
metros), diferentemente da maioria das provas de mar aberto, inclusive no
Brasil e especialmente na Bahia que mantêm a liderança desses eventos no País.
(Aí Sérgio Sampaio).
Quem estava no Hyde Park pôde assistir a evolução de cada
nadador e deve ter sido muito emocionante. Faltou uma coisa: uma melhor
identificação de cada atleta pela touca. Deveria cada nadador, ostentar em bom
tamanho, a bandeira de seu país nesta touca. A parte do corpo sempre à vista. A simples numeração de braços e
costas não é suficiente.








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