sexta-feira, 20 de agosto de 2010

AS PISCINAS DE SALVADOR


Piscina Olímpica da Fonte Nova - Ao lado outra de 25 mts. construída posteriormente

A primeira piscina que se construiu em Salvador foi a do antigo Instituto Normal da Bahia, hoje ICEA.
É uma piscina de 25 metros com 4 raias. É a primeira piscina colegial construída no País. Maria Lenk em seu livro, cita uma determinada piscina no Rio de Janeiro como sendo a primeira. Não foi!

Já a primeira piscina de competição de clube construída em Salvador foi a do Yacht Clube da Bahia. Possuía 50 metros e, inicialmente, era de água salgada. Foi construída pelo Governo da Bahia para realização de competições oficiais patrocinadas pela Federação dos Clubes de Regatas da Bahia, posteriormente Federação Baiana de Natação. Na época, segundo convênio assinado, todos os clubes filiados à Federação dos Clubes de Regatas da Bahia poderiam usá-la para treinamento dos seus nadadores, bem como os campeonatos seriam nela realizados.

Inicialmente cumpriram-se rigorosamente os acordos feitos até que no final da década de 1950, uma sesta feira à noite, aconteceu um desentendimento entre as nadadoras Mary Gonçalves e Arlete Ribeiro dentro do vestiário. Aurino Almeida, técnico do Vitória, clube pelo qual nadava Arlete, invadiu o recinto das moças. Não deveria ter feito! O pai de Mary, Walter Gonçalves, vendo aquilo, foi atrás. Criou-se um grande tumulto! Aí, um soldado que fazia a segurança do local, precipitadamente, disparou um tiro para o alto. Foi uma correria total, mas que, felizmente, não causou nenhum prejuízo material ao clube.

Após este fato, o Yacth resolveu não mais ceder a sua piscina para treinamento de nadadores de outros clubes, bem como proibiu a realização de competições em sua piscina. Essa decisão foi contestada pelos demais clubes, mas mesmo assim, prevaleceu a decisão de sua diretoria na época comandada pelo Sr. M. Chastinet. Fez mais o referido Comodoro: contratou para professor de natação do clube o próprio Aurino Almeida, um dos patrogonistas do tumulto que, de imediato, sugeriu a retirada do clube das competições da Federação. E por longo 10 anos, o grande clube esteve ausente de toda e qualquer realização patrocinada pela Federação Baiana de Natação, causando um sério prejuízo a esse esporte. Em consequência, toda uma geração de nadadores foi prejudicada. Somente quando Heraldo Gama Lobo assumiu a Comodoria, restabeleceu as relações com a Federação. Demitiu Aurino Almeida e contratou um técnico no sul do País. Diz-se que, em verdade, Aurino Almeida não foi demitido. Quando o novo Comodoro lhe comunicou que decidira voltar a competir, o técnico preferiu se afastar. Fez-se um acordo em prol da natação da Bahia.

E o Iate fez grandes equipes.Foram realizadas belíssimas competições na sua piscina recém-reformada. Retiraram um trampolim de 10 metros que existia na parte mais anterior da piscina aonde a profundidade chegava a iguais 10 metros. Um perigo! A piscina ficou uniforme. Uma beleza! Mas aconteceu um problema: quando da realização de um Campeonato Brasileiro patrocinado pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, constatou-se que a piscina não tinha 50 metros. Ela possuia, na realidade, 49 metros e 10 centímetros de comprimento. Não era oficial. Não era mais olímpica. Na reforma, o engenheiro inadvertidamente, não percebeu que, na colocação dos azulejos de ambas as bordas, fora colocado cimento a mais e a piscina passou a ter um comprimento menor. Uma pena! O campeonato foi realizado normalmente, claro, mais não foi homologado nenhum recorde brasileiro que, por acaso, viesse a ser batido.

Ainda mais recentemente, em nova reforma, o Iate sepultou em definitivo a idéia da Federação e dos clubes de voltar a realizar competições em sua piscina. Tranformou-a numa belíssima piscina de recreação e lazer para seus associados. Estava certo, dentro dos seus interesses sociais. A natação da Bahia que se virasse de outra maneira!Questão de mentalidade.

Restou a piscina da Fonte Nova. Piscina olímpica de 50 metros – 10 raias. Profunidade uniforme. Excelente para fazer bons tempos. Por mais incrível que possa parecer foi inaugurada sem banheiros. Pode? E prosseguiu assim por longo tempo. Mas, mesmo assim, os atletas do Esporte Clube Bahia, Esporte Clube Vitória e Clube de Regatas Itapagipe faziam os seus treinamentos nestas condições. Ainda não existia o Olímpico, fundado por Walter Figueiredo. Na época, Walter era o responsável direto pelo tratamento da referida piscina. Passou a ser funcionário da Sudesp, dirigida na época pelo esportista João Alfredo.

Mas, enquanto não existia a piscina da Fonte Nova onde os clubes treinavam? Na pequena piscina do ICEA. Os treinos começavam às 18 hóras, desde que nos demais turnos, treinavam ou recebiam aulas de natação os alunos do colégio. Aurino Almeida era um dos professores.

Posteriormente, a Associação Atlética da Bahia fez uma piscina de 25 metros com 6 raias na gestão de Carlos Coqueijo Costa, antes de ser designado para Ministro do Superior Tribunal do Trabalho. Posteriormente, Nilton Silva, construiu uma piscina de 50 metros e ainda uma outra para aquecimento.

Vale lembrar como surgiu a idéia da construção da piscina da Fonte Nova. Uma equipe de natação da Bahia voltava de um Campeonato Brasileiro realizado em São Paulo. No mesmo avião, viajava o Secretário de Obras e Energia do Governo Juracy Magalhães, Tarcisio Vieira de Mello. O político foi notado e as meninas da seleção, entre elas, Sônia Maria de Jesus, que mais tarde veio a se tornar campeã sul-americana, dirigiu-se ao ministro e pediu-lhe que construísse uma piscina olímpica em Salvador. O secretário do ministro anotou o pedido. Vou fazer toda a força, teria dito o grande político, infelizmente falecido poucos anos depois no Rio de Janeiro, num atropelamento.
Cumpriu sua palavra. Semanas depois daquele contato, o autor desse blog recebeu uma ligação de Raimundo Matta Gantois requerendo sugestões de como deveria ser construída uma piscina que seria feita na Fonte Nova, ao lado do estádio. Raimundo era o engenheiro responsável pelo Departamento de Construções da Secretaria de Obras e Energia.
Reunimos todo o material do que havia de mais moderno no mundo e levamos até presença de nosso primo carnal. Uma piscina de 50 metros, uma só profundidade, arquibancadas, banheiros, enfim, uma piscina olímpica para a Bahia. E em 1952 ela foi inaugurada, com instalações incompletas em verdade, mas uma "grande" piscina.

Um comentário:

  1. Muito interessante a historia... E sabendo também que agora Salvador nao conta mais com nenhuma piscina olímpica... Uma pena.

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